domingo, 4 de outubro de 2009

Cervo Patagônico no Cerro Otto - O vexame!

A maior parte dos turistas que vão a Bariloche (ou Brasiloche como é chamada nas altas temporadas) tem como objetivo ver neve, esquiar, fazer compras, passear, comer chocolate, etc. Pode haver variações nesta ordem. No meu caso o que vem primeiro é o etc. Isto é, vou para comer comidas típicas, beber bons vinhos nacionais (os de Mendoza são os melhores), descansar, ler, visitar museus, teatros e conhecer os costumes locais. Nesta mesma ordem. Pois foi porisso que num belo dia de verão patagônico decidimos subir ao cerro Otto para esperimentar o Cervo, um veadinho com belos chifres galhados.



Eu devia ter desconfiado o que estava para me acontecer quando o destino apresentou o transporte que devia utilizar para chegar ao topo do morro: um teleférico minúsculo que acreditava mal sustentar meus cento e tantos quilos e ainda por cima todo fechado. E se tivesse uma crise de claustrofobia dentro desta lata de sardinhas dependurada num varal? E quanto ao meu "mal das alturas" detectado há anos atrás numa subida às Prateleiras no Itatiaia, situado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro?



Antes que pudesse desistir, o operador da geringonça me empurrou para dentro junto com a Cris, minha mulher, afinal o negócio não pára e a fila estava grande nas minhas costas.
A subida foi tranquila e como voces podem ver na foto, estou relaxado e à vontade preso nesta traquitana.



Já em terra firme nos dirigimos para o restaurante, preocupados em conseguir uma mesa "na janelinha", já que a maior característica deste estabelecimento é ter o salão giratório, propiciando a belíssima vista de 360° de toda a região enquanto desfrutamos de suas iguarias.
Bingo! Uma mesa livre ao lado da janela e instantaneamente nos acomodamos. O garção solícito se apresentou, ordenamos o tal Cervo à moda da casa e escolhemos um típico vinho patagônico da Bodega do Fim do Mundo. Um corte de Malbec e Syrah para acompanhar este prato com jeito de caça. O vinho ainda não estava servido quando fui apreciar a mutante paisagem ao meu lado.



Nem bem havia admirado a beleza do lago Nahuel Huapi daquela altura quando... mareei. Parem o salão que eu quero descer! Levantei enjoado e apoiando nas outras mesas, cambaleei para fora do recinto. Que vexame. O garção veio logo ao meu encontro e explicando minha dificuldade em manter minha postura sobre aquele arremedo de "bicho da seda" de parque de diversões, solicitei que suspendesse o pedido. De pronto o criativo profíssional arranjou uma solução: uma mesinha colocada na área de suporte ao salão que se mantinha  imóvel em relação ao mundo.



Nosso cantinho era perfeito. Tinhamos a companhia de pratos, talheres, temperos e vários garçãos passado ora pela frente ora por trás e, educadamente nos diziam sorridentes: "Com permisso..."
Vinho servido, comecei a me sentir melhor. Já tinha reparado que o alcool atenua meu mal das alturas, pois certa vez subindo o pico do Itapeva em Campos do Jordão - SP, me neguei a acompanhar os amigos na última etapa, optei por ficar tomando uma cachaça mineira numa barraquinha ao lado da estrada. Em instantes estava tão disposto que subi e desci até o topo várias vezes!



O Cervo cozido ao vinho tinto com legumes e batatas crocantes estava divino. A carne é consistente sem ser dura. O sabor? Bem, não lembra nem de perto a carne de caça mas tem um sabor marcante. Merece uma segunda experiência. Ou até uma terceira. De preferência em outro local, é bom compararmos o tempero ;-)



 Para terminar, o simpático garção nos sugere uma sobremesa. Alego que estava satisfeito mas para agradar aquele que teve tanta paciência comigo, aceito este pequeno regalo. Confira abaixo o que nos foi servido! Recomendo.


Um comentário:

  1. muito bom, adorei a foto em que estava tranquilo no teleférico. valeu

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