sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Era uma vez um Land Rover 1951...



Prometi mandar para meu amigo Oscar, que adora Jipes e Harley-Davidson, as fotos dos meus Land Rovers que restaurei em 1983. Vou aproveitar e colocar aqui no blog para compartilhar com voces esta minha aventura.

Por volta de 1982, fui com o espanhol José Luis Gonzalez Rodriguez (que até hoje trabalha comigo na Cantina Roperto - Bixiga - SP) até o "ferro velho de veículos militares" na BR116. Minha meta era comprar um Dodge 6x6 que estava a venda alguns dias antes. O dono do negócio era um conterrâneo de José Luis e quando chegamos, ele explicou que outro cliente havia arrematado o Dodge. O homem era dono de uma refinaria de alcool e ia utilizar o caminhão para recolher a cana.

Foi uma decepção. Dinheiro no bolso e nada de Dodge. Eu não estava a fim de perder a viagem e perguntei ao espanhol que outro veículo ele tinha naquela faixa de preço. Ele coçou a cabeça e ofereceu um Land Rover verde e preto abandonado num barranco ao fundo do páteo. Pronto. Foi amor à primeira vista.

Meia hora depois estava a bordo do fumacento jipe que só conseguiu chegar com suas próprias forças até o Jockey Club em São Palo. Ferveu! Chamei o guincho e levamos o moribundo para o quintal da Pizzaria Celeste (Vila Mariana - SP) de minha propriedade. Na foto acima, Bimba, o pizzaiolo, curtindo o bichinho.

 

Depois de desmontado totalmente, comecei o calvário da restauração. O que rodei para conseguir peças para a montagem daria um livro. Os eixos acabei por levar para um mecânico que outrora mexia com os Lands e possuia rolamentos e retentores novos. Foram semanas de agonia. O homem não punha a mão na massa e quando resolveu fazer o serviço, me cobrou os olhos da cara. As molas foram feitas numa travessa da Av. Pacaembú (MM se não me engano). Eles trocaram as finas demais e quebradas, arquearam e trocaram os jumelos. O chassis eu mandei para um mecânico em Santana - SP, que colocou no gabarito e foi lá que conheci o presidente do Jeep Club na época, proprietário entre tantos 4x4 de um Unimog. Feito isso comecei a montar a bagaça nos fundos da pizzaria.

 
O motor estava OK mas tive alguns problemas com o câmbio que faltavam algumas pequenas peças em forma de feijões de aço perdidos na restauração. O problema foi resolvido até que de maneira fácil: ao lado do cemitério da Aclimação - SP, existia um ingles que possuia um Land Rover longo impecável e um carro de passeio Rover. Bati na sua porta e contei meu problema. O velho homem me levou no seu quintal onde jazia meia duzia de motores e cambios do Land. Ele só disse "Abre qualquer um deles e pega o que quizer!". Sem comentários, o homem era um apaixonado pela marca e não ia me deixar na mão.
Peguei as rodas originais e mandei trocar o aro para que comportasse os pneus Fox Desert, mantendo a distância interna para não ter problema de pneu raspando nos feixes de mola. Finalmente contratei dois funileiros que sabiam mexer com alumínio e montei o bichinho. Não tinha ainda acabado o serviço (pintura, estofamento, etc.) e aconteceu a debacle: numa segunda-feira, dia de folga para nós na pizzaria, uns FDPs depenaram o Jipinho fato que me deixou irremediavelmente desmotivado.

Só me animei quando algum tempo depois, apareceu um maluco vendendo a preço de banana outro Land Rover, 1951, vermelho e em bom funcionamento. Comprei pensanndo em deixar o verdinho como fonte de peças ou até mesmo fazer um enxerto dos dois para obter um em ótimo estado. Lembro que minha filha Bianca tinha uns 5 anos e o meu filho Daniel uns 3 anos quando fomos com o vermelhinho tomar ccafé no aeroporto de Congonhas todos felizes pela Ruben Berta numa tarde de sol...


Bem a história não teve um final feliz. Os proprietários do imóvel onde ficava minha pizzaria não renovaram o contrato; de uma hora para outra me vi sem emprego, sem dinheiro e sem lugar para guardar os jipes. Levei os dois para a praia de Boiçucanga onde estava construindo uma casinha e abandonei os meninos no terreno em frente à obra. Sem recursos para a construção e muito menos para manter os jipes, acabei vendendo por qualquer coisa para um homem que ia transformá-los em draga para colher areia do rio. Vou parar por aqui pois acabo de ficar mau-humorado com essa lembraça de tempos difíceis...

Um comentário:

  1. Então, as ondas da vida são assim mesmo, amor. Mas que tal lembrar num próximo post um outro jeepinho que vc teve tempos depois, o Willys 52, e com o qual vivemos bons momentos?

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